quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Histórias do Paraná - D. Redro II na Lapa

Histórias do Paraná - D. Redro II na Lapa

D. Redro II na Lapa
Sérgio A. Leoni

O dia 31 de maio de 1880, uma segunda-feira, passaria a ser histórico para a Lapa, conforme descreveu José Saboya Cortes em artigo publicado em dezembro de 1925 na Gazeta do Povo.
Naquela data, às 18h30, depois de muita expectativa e providências por parte da comunidade, chegaram D. Pedro II, a imperatriz Dona Tereza Cristina e sua grande comitiva que, além de várias damas, de honor e camareiras, compunha-se ainda de muitas personalidades ilustres.
Hospedaram-se no solar de David dos Santos Pacheco (depois Barão dos Campos Gerais), que para solenizar o acontecimento alforriou todos os seus escravos, antecipando-se de 8 anos à própria Lei Áurea e tornando-se, portanto, pioneiro da Liberdade no Paraná.
A cidade estava em festa, sinos repicaram, foguetes estrugiram, as ruas estavam tapisadas de folhas de laranjeiras, ornamentadas de pinheiros e bandeiras imperiais.
As janelas engalanadas de finíssimas colchas, de onde pendiam as tradicionais lanternas triangulares coloridas.
Pela manhã, bem cedo, os Monarcas e a comitiva foram assistir a missa festiva na igreja matriz, engalanada pelo Pe. Ignácio de Almeida Faria, e repleta de povo.
Depois visitaram o Campo Santo; o Theatro São João; o correio; a escola do mestre Pedro Fortunato de Magalhães; a escola da mestra Rita Idalina de Carvalho e a casa de Câmara e Cadeia.
Na cadeia, o Imperador ouviu os presos e, atendendo o pedido da menina Eudóxia Westphalen, solicitou os documentos do criminoso Francisco Mafaldo, condenado a galés perpétua, para que fosse perdoado.
Esse seu gesto e bondade ficou célebre e o preso, que tinha bom comportamento, foi mais tarde realmente perdoado pela Princesa Izabel.
O de junho — encontrava-se o Imperador na porta da casa do Barão, cercado de sua brilhante comitiva e, conforme contavam os antigos, ocorreu o seguinte episódio:
Aproximou-se um velho alemão muito alto, espadaúdo.
Simpático que era e, imponente pela sua elevada estatura, chamou logo a atenção imperial.
Num ato de admirável simplicidade, o Imperador, esquecendo o protocolo, desceu a calçada e foi encontrar o velho, que se chamava Guilherme Scharneweber. E só então o Imperador ficou sabendo, com grande emoção e alegria, que Guilherme viera jovem na comitiva da sua Imperatriz Mãe, a austríaca Dna.
Maria Leopoldina, e pertencera à Guarda Imperial de D. Pedro I, tendo muitas vezes pajeado o Imperador Menino, nas suas folgas pelo Paço da Boa Vista. E sabendo disso,
D. Pedro abraçou e beijou o velho Guilherme, recolhendo-o na sala do Barão, onde conversaram durante longo tempo em língua alemã.
Dizem que, daí em diante, Scharneweber subiu no conceito geral, sendo admirando e até invejado por muitos...

Sergio A. Leoni, ex-prefeito da Lapa


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